<$BlogRSDUrl$>

2003/08/30

Música: Para finais de tarde e noites dentro 

Dos acordes do piano ao conjunto, tudo se vai compondo devagar. A harmonia nem sempre é feita das "cores do costume". O último disco daquele que aos 19 anos foi considerado a revelação de Jazz tem uma forte influência do Jazz latino americano, mas desta vez transporta quem ouve para dentro. O ambiente em que o disco foi gravado (a quinta de Maria João Pires) reflecte-se no disco, uma homenagem à Rita (a sobrinha).

Ao Bernardo Sasseti um forte abraço pelo prazer de te voltar a ouvir e espero que nos voltemos a ver um destes dias. A Rita, esteja onde estiver, dorme nos teus dedos. O nome do disco, já agora, é Nocturno.

2003/08/22

Música: A magia da guitarra e das palavras 

Sempre tive um fraco por cantores que agarram numa guitarra e nos seus poemas e lhes dão vida. O que é que querem? Todos temos as nossas fraquezas e essa é uma das minhas. Acho que é por isso que deliro com o Leonard Cohen, foi isso que me atraiu no início da carreira da Suzzanne Vega e é isso que aprecio no último álbum do Beck. A clareza das palavras e a beleza do meu instrumento preferido que tem geralmente seis cordas em nylon ou em aço.

Martin Stephenson faz parte deste grupo. Inglês, cresceu numa pequena cidade perto de Newcastle. Apareceu em meados dos anos 80 com um álbum chamado Boat to Bolivia no qual o seu som puro, de um folk rural mas quente atraiu algumas atenção. Não muitas, diga-se em abono da verdade. Encontrei um disco deste senhor no fim dos anos 80. Estava a dar os meus primeiros passos no mundo fascinante das rádios piratas quando Gladsome, Humour and Blue me veio parar às mãos por empréstimo. Fiquei fascinado com a leveza introspectiva das letras e da musica desse disco de vinil mas o passar do tempo levou-me a devolver o disco e a guardar em lugar incógnito uma gravação em cassete que nunca mais ouvi.

Mas o mundo dá voltas e hoje esse senhor actua em Lisboa. Não num grande concerto (a popularidade dele não dá para isso), mas sim num espectáculo que imagino intimista no bar irlandês O'Gilin's, perto do Cais do Sodré. Será que a magia se mantém?

2003/08/13

Música: Quando o flamenco rima com o sentimento 

Bernardo Sandoval é uma pérola desconhecida no nosso país. Guitarrista e cantor, Sandoval nasceu em Toulouse, França, mas é de origem espanhola. Isso nota-se no seu canto e na forma como reinventa o flamenco, tornando-o numa inspiração fresca e sentida. Mas o que Sandoval faz melhor é recriar essas raízes, misturando-as com outros sons do Mediterrâneo e obtendo um resultado que é seu e que só seria possível com a sua voz profunda e sentida.

Depois de ter sido descoberto pelo mundo musical em 1988, no Festival de Bourges, Sandoval começou a gravar em 1990. Em 98 ganhou o César para a melhor banda sonora com a música que compôs para o filme "Western" de Manuel Poirier e atingiu o seu auge criativo nesse mesmo ano com o álbum "Hoy". Hoje já vai no nono disco, por isso há muito para descobrir. Um ponto de partida interessante é o seu último CD, um duplo ao vivo, editado no ano passado e rechado com o melhor que ele fez até hoje. Pode não ser fácil de encontrar, mas vale a pena!

2003/08/08

Livros: Lituma nos Andes 

Antes de mais nada devo dizer que sempre me fascinou comprar um livro numa qualquer promoção de hipermercado ou nos saldos da livraria da esquina ou numa qualquer coleção de jornal. Isto porque posso descobrir que tenho uma excelente obra entre-mãos. Já me aconteceu até com autores que não conhecia senão de nome. E voltou a acontecer há pouco tempo. Com Mario Vargas Llosa e o seu Lituma nos Andes, que saiu com o Público uma destas quartas-feiras de férias.

Para início de conversa, comecei a ler este livro porque não tinha nada melhor para fazer no momento. Mas... em dia e meio de praia não me deixou sossegado. A estória do guarda Lituma, do seu adjunto Tomasito, da mulher que este amou e por quem foi abandonado, dos estranhos desaparecimentos que ocorrem na vila mineira do Peru onde se encontram e dos relatos cruéis e frios de execuções pelos guerrilheiros do Sendero Luminoso, deixaram-me de rastos. Digo isto e não costumo dizê-lo muitas vezes. E foi uma óptima revelação para quem não tinha lido ainda nada deste autor.
(A parte final é das mais brutais que já li...)

Leia-se todo de uma vez e se conseguir pensar em alguma outra coisa nas horas seguintes a ter terminado este Lituma nos Andes... que todos os apus e pistacos vos perdoem.

2003/08/05

Livros: Um dicionário dos Infernos 

Confesso que primeiro me interessei pela editora. Nova, fresca, a Cavalo de Ferro tem por aí um número muito reduzido de edições mas todas com muito bom aspecto: grafismo das capas e principalmente os assuntos até agora abordados.
Manuseando estes livros fiquei apaixonado pelo aspecto de um deles (sim, nunca compraram um livro pela capa?) de nome Dicionário Infernal de Collin de Plancy. E o que é este Dicionário? Bom, como todos os seus irmaõs está organizado pelas letras do alfabeto, mas em vez de definições tem estórias, nomes de demónios e feiticeiros, casos documentados de possessões, vampirismo, lobisomens...
Qual o interesse? Simples, este livro tem cerca de 200 anos e é (quanto a mim) um excelente pretexto para tentar perceber a evolução da sociedade humana e das suas crenças. Ou então lê-se apenas para dizer: Estes tipos eram loucos!!
Não o somos todos ainda?

This page is powered by Blogger. Isn't yours?     Feedback by backBlog     Site Meter