2004/10/31
Livros: Ao Sul
Ontem adormeci entre a Amazónia e Goa. Senti o som das pequenas orquestras que tocam em Veneza à porta dos cafés históricos. Senti o peso de uma história, li memórias nas paredes de casas abandonadas. Voltei ao Alentejo, a um outro Alentejo, e mergulhei no rio que se esconde em Cabo Verde. Existirá?
É este o Sul que se encontra em quanquer ponto cardeal. O Sul de nós próprios, o instinto que nos leva a viver e a contar. O instinto que nos conduz à acção de partilhar. E ao prazer de o fazer.
Sul - Viagens, Miguel Sousa Tavares, nova edição da Oficina do Livro.
2004/10/30
Entre aspas: Correr... sempre a correr...
Quantos e quantos não conhecemos que correm sem parar...(?) Parar, para olhar o simples. Mesmo ali ao lado.
O excerto é da crónica da Faiza Hayat, na revista XIS do jornal Público de hoje.
2004/10/28
Segundos...
do céu do deserto
Al Berto
2004/10/20
Teatro: Encontros inesperados
Nos primeiros anos do Século XX, Picasso e Eistein estavam em Paris. Parece que nunca se encontraram, mas esse encontro podia ter acontecido. Teria sido um acaso feliz. É esse acaso que nunca aconteceu que esta peça explora. Início da noite, o bar Lapin Agile está a abrir. Einstein ainda não publicou a sua Teoria da Relatividade, Picasso ainda não marcou a história da pintura com as suas Demoiselles d'Avignon. Ambos se encontram e reconhecem um no outro o século que começa...
A ideia é sedutora, mas o futuro não se costuma anunciar com tanta clareza. E a peça força uma clarividência que não é verosímil. Se nos cruzássemos na rua com a personalidade que vai marcar o Século XXI, conseguiríamos reconhecê-la? Claro que não! Mas a peça tem bons momentos, um bom elenco e algumas boas ideias. É pena que lhe falte uma pitada de sal para nos prender à acção...
2004/10/17
Segundos...
"À conversa com... Luis Sepúlveda"
2004/10/16
Entre-aspas: «Sei resistir a tudo...
«O.W. brlhou na sociedade londrina da sua época pelo seu dandismo, pela sua esfuziante inteligência e pelo seu individualismo ávido, que o levou a fulgurações de um humor imperecível. A sua vida real e a sua obra atiram-o para uma popularidade enorme, ora alçado à grandiosidade do seu génio, ora rebaixado à cominação pública pela sua relação homossexual, ao tempo, crime gravíssimo.»
Pois bem, fiquem com uma das minhas citações preferidas:
«Amar é ultrapassar-se...»
2004/10/15
Livros: As noites dos Endless...
Nessa noite apetecia-me precisamente isso, encontrar livros inesperados. Tive sorte... Já tinha ouvido falar muito de Neil Gaiman e da sua obra-prima, The Sandman, mas nunca tinha folheado nenhum dos livros dele. Peguei num livro, acabado de chegar, com um título curioso... Endless nights. Ao folhear, percebi que era um reencontro de Gaiman com a sua personagem maior, Dream, o seu Sandman, e com toda a sua família, os Endless.
Percebi também que este era um livro invulgar: ilustrado por artistas como Miguelanxo Prado, Milo Manara ou Bill Sienkiewicz, só para referir os meus preferidos. E as histórias são fascinantes. Um homem que se apaixona por uma mulher que é a Morte, ela própria, o Sonho que vê a sua amada apaixonar-se por uma estrela ou o Desejo que se consome em memória. E o Destino, a Destruição, o Desepero e o Delíro que esperam por ser lidos....
A propósito, começam amanhã na BD Mania os Free Comicbook Days... Vai ser uma semana cheia de promoções e, dizem eles, têm uns 4000 comics para oferecer. Tentador?
2004/10/12
Momentos: ...de Lorca
E duas.
E três.
Na lua nadava um peixe.
A água dorme uma hora
e o mar branco dorme cem.
A dama
estava morta na rama.
A monja
cantava dentro da toronja.
A menina
pelo pinho ia até à pinha.
E o pinho
buscava a plúmula do trino.
Mas o rouxinol
chorava suas feridas em redor do sol.
E eu também
porque caiu uma folha
e duas
e três.
Federico Garcia Lorca, Valsa nos ramos
2004/10/11
Segundos...
Arno Gruen
2004/10/10
Livros: Anjos e Demónios
Ao longo do livro, há uma série de referências a uma personagem feminina e ao envolvimento de Robert Langdon, o protagonista da história, em acontecimentos misteriosos que tiveram lugar um ano antes, no Vaticano. Com a curiosidade de procurar mais coisas escritas pelo autor, encontrei o livro onde ele conta esses acontecimentos, Angels and Demons, o primeiro em que ele desenha a personagem de Langdon. Comprei em inglês a edição em ebook, mas dentro de um mês este livro vai ser editado em Portugal.
Comecei a ler o livro e fiquei com uma sensação estranha... A "fórmula" é em tudo semelhante à do Código da Vinci: o livro começa com um assassínio misterioso, o pobre Robert Langdon está tranquilamente a dormir quando é acordado pelo telefone, resiste mas acaba por ser arrastado para uma aventura inesperada durante a qual encontra uma personagem feminina que sabe mais do que ele sobre a situação. O enredo gira em torno de uma sociedade secreta, desta vez os Illuminati... Para quem já leu o Código, seria possível um paralelo mais evidente? O que é curioso é que, mesmo com esta sensação de déjà vu, a leitura é compulsiva e os ingredientes estão todos lá. Mas este livro não atingiu nem um décimo do sucesso do seguinte... Porque será? ;)
2004/10/09
Entre-aspas: A cabeça e o coração
«Foi um processo longo e difícil, como sempre o são as aproximações entre duas pessoas habituadas a estarem sózinhas. Primeiro parece fácil, é o coração que arrasta a cabeça, a vontade de ser feliz que cala as dúvidas e os medos. Mas depois é a cabeça que trava o coração, as pequenas coisas que parecem derrotar as grandes, um sufoco inexplicável que parece instalar-se onde dantes estava a intimidade. É preciso saber passar tudo isso e conseguir chegar mais além, onde a cumplicidade - de tudo, o mais difícil de atingir - os torna verdadeiramente amantes.»
Miguel Sousa Tavares - Não te deixarei morrer, David Crockett
2004/10/08
Música: Uma outra Adriana
É desta forma singela que Adriana Calcanhotto explica o pseudónimo com que assina, simplesmente, o seu último álbum. Adriana Partimpim, uma assinatura evocada pela infância para um disco que ela própria descreve como sendo "música para crianças"... Música para crianças? Talvez pela boa disposição que todo o álbum evoca, talvez pela liberdade que o novo nome lhe deu para criar sem se manter igual a si própria, talvez...
A verdade é que descobri este disco por acaso. Assim que tive oportunidade, cromprei-o e coloquei-o a tocar aqui em casa. Uma e outra vez, porque sorrir é um privilégio que só depende de mantermos a nossa criança viva. Com qualquer idade.
2004/10/07
Segundos...
Samuel Beckett